terça-feira, 17 de julho de 2012

Escreva melhor e com mais criatividade usando seu livro favorito!


Estas sugestões de técnicas se baseiam na ideia de que você tem um ou mais livros preferidos e que, por isso, conhece mais ou menos bem. Também supõem que você gosta, ou poderá gostar, de escrever e enquadrar isso em algum ponto entre um passatempo e uma atividade, digamos, escolar ou profissional.

Por que o livro preferido?
O livro preferido geralmente é aquele que nos faz ter vontade de escrever (quando não nos faz desistir definitivamente). Além disso, é mais fácil concentrar-se em uma atividade prazerosa que em uma enfadonha. O livro favorito é aquele que mais lhe causou e causa prazer na leitura. Portanto, faz sentido ligá-lo a outra atividade que se deseja que seja também prazerosa. Por outro lado, utilizar esse livro vai ajudar a entender porque ele é tão bom e o que você pode usar de seu para escrever de um modo mais próximo disso.As sugestões de exercícios:Antes de mais nada, é preciso deixar claro que não existe milagre. Executar esses exercícios sem repeti-los ou partir para outros não vai fazer de você um Guimarães Rosa. Você precisa ter constância e disciplina e manter um ritmo de redação. De nada adianta escrever nove mil palavras hoje e nos próximos dois meses nenhuma. É melhor, então, escrever uma frase por dia.Vamos a eles:
1.      Reescrever uma frase: escolha uma frase do livro. Qualquer uma. Não importa que o autor a tenha levado à perfeição. Sempre existem infinitas formas de reescrevê-la. Inverta-a, suprima palavras, use outras, acrescente, mude os significados. Não julgue, apenas faça, como se fosse um jogo. Você não precisa mostrar isso para ninguém. Se você gosta de poesia, faça uma paródia. Não precisa ser uma obra-prima da métrica. Divirta-se!
2.      Resumir a história de diferentes maneiras: isso vai ajudar a entender o enredo e suas principais partes. Enquanto escreve você também vai poder exercitar a síntese. Faça resumos cada vez menores. Quando dominar a história, subverta-a. Tome liberdades.
3.      O que vem antes da primeira frase: alguns começos de livros são geniais. Mas o que vem antes da primeira frase do primeiro capítulo? Como foi o momento, a noite ou os anos anteriores? Mais uma vez, não queira ser melhor que o autor. Apenas faça esse exercício de imaginação de maneira a divertir-se. Não precisa ser nada gigantesco. Faça vários parágrafos explorando as diferentes possibilidades.
4.      O que acontece depois da última frase: o livro acabou. Mas a não ser que seja uma história sobre o fim do universo, supõe-se que a vida continue. O que vem depois da última frase? Como no exercício anterior, você pode fazer vários parágrafos explorando as infinitas possibilidades.
5.      Diálogo com personagens de outras obras: o que aconteceria se Hamlet encontrasse Tyler Durden, personagem de Clube da Luta, livro de Chuck Palahniuk? Ou se Bentinho, de Dom Casmurro, encontrasse com Harry Potter? Quando mais absurdos os encontros, mais a sua imaginação será desafiada e você se sentirá compelido a escrever.
6.      Se a obra fosse de outro gênero: imagine que uma obra originalmente do gênero policial tivesse sido escrita como um romance meloso. Ou um suspense, então, fosse um livro de humor. Jorge Luis Borges faz um belo exercício  imaginando que Dom Quixote é lido por um leitor de livros policiais. A partir daí destaque e reescreva trechos de seu livro preferido buscando uma nova perspectiva. E se A Metamorfose fosse uma obra infantil? Brinque com as possibilidades.
7.      Corte frases: brinque de editor. Seja cruel. Lime as frases que julgar desnecessárias. Com seu livro preferido vai ser difícil, pois suponho que nada seja desnecessário na obra de seu autor favorito. Mas mesmo Graciliano Ramos escreveu Angústia, livro sobre o qual concordou com o crítico Antonio Cândido a respeito de trechos julgados gordurosos. Isso vai ajudar você a dessacralizar um pouco a escrita e também a entender melhor o funcionamento do texto, como quem desmonta um relógio.
8.      Depois da edição: no final desse trabalho cruel, escreva um texto explicando ao seu autor preferido porque agora aquele capítulo está muito melhor. Não precisa ser sincero, claro.

Essas são apenas algumas ideias. Espero sinceramente que ajudem.

10 dicas para escrever melhor!


  1. Corte as partes chatas: desenvolva a sensibilidade para descobrir quais partes de seu próprio texto você pularia. Provavelmente o leitor também faria o mesmo. Se é uma parte essencial, então está mal escrita: reescreva; se não for essencial, corte.
  2. Corte as palavras desnecessárias: não afirme nunca que uma coisa é interessante ao seu leitor. Se for interessante de fato, o seu leitor é inteligente o suficiente para perceber isso. O mesmo vale para adjetivos, advérbios e afins. Um substantivo bem colocado vale muito mais que tais categorias gramaticais. (Agora leia com as palavras cortadas e perceba como faz sentido).
  3. Escreva com paixão: se você não estiver interessado no que você escreve, quem estará?
  4. Desenhe com palavras: não afirme que uma coisa é interessante ou importante. Dê os dados necessários para que o leitor descubra isso  sozinho. Não diga que o luar é bonito: explique como ele atravessa a vidraça, abraça a madeira dos móveis  e projeta uma luz levemente azul, sem calor, na parede branca como se fosse a tela de um filme prestes a começar.
  5. Escreva simples: as artes japonesas são boas nisso. Hai-kais são curtos e conseguem desenhar cenas inteiras. Samurais resolviam lutas complexas com poucos golpes de espada. Diga o necessário, diga rápido, diga tudo.
  6. Escreva porque você gosta: se você não gosta, de nada adiantará. Se você fizer isso sem esperar nada em troca, em algum momento talvez alguém ofereça algo. Se não oferecerem, ao menos você está fazendo algo de que gosta.
  7. Saiba quando aceitar a rejeição e quando rejeitar a aceitação: quando você publica escritos seus está sujeito aos elogios e às críticas desmedidas. Saiba lidar com as duas situações.
  8. Escreva, escreva, escreva: se você escreve em seu blog uma vez por mês, as chances de que seu estilo melhore são menores do que se você escrever todos os dias. Isso nem sempre é verdade, mas quantidade conduz à qualidade.
  9. Escreva sobre o que você sabe e sobre o que você quer saber: a primeira parte dessa afirmativa diz respeito à especialização. Se você é uma autoridade em um assunto, seu texto vai fluir melhor e transmitir domínio. A segunda parte diz respeito ao desejo dessa autoridade.
  10. Seja único: ouse experimentar novos estilos. Seguindo o que já deu certo, você repetirá fórmulas.